sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A lição da súplica

Certa noite, o Chico alquebrado pelos obstáculos, orava, antes do sono, rogando a Jesus múltiplas medidas e soluções para os problemas que o apoquentavam. Mais de quarenta minutos já havia empregado no petitório, quando lhe surgiu Dona Maria João de Deus que lhe falou bondosa: - Meu filho, faça suas orações, porque sem a prece não conseguimos a renovação de nossas forças espirituais, entretanto, não será por muito falar que você será atendido... - Então, como devo fazer em minhas súplicas? - perguntou o médium desapontado. - Você sabe que Jesus também pede alguma coisa de nós... - disse o espírito maternal. - Sim, Nosso Senhor recomenda-nos humildade, paciência, fé, bom ânimo, caridade e amor ao próximo no cumprimento de nossos deveres. - Pois façamos o que Jesus nos pede e Jesus fará por nós o que necessitamos. Está certo? E o Chico recebendo a lição apreendeu que orar não é falar e mover os lábios, indefinidamente.

Lei de causa e efeito

"Na patogênese da alienação mental, sob qualquer aspecto em que se apresente, sempre defrontaremos um Espírito falido em si mesmo, excruciando-se sob a injunção reparadora, de que não se pode deslindar, senão mediante o cumprimento da justa pena a que se submete pelo processo da evolução.

As Soberanas Leis, que mantêm o equilíbrio da vida, não podem, em hipótese alguma, sofrer defraudações, sem que se estabeleçam critérios automáticos de recomposição, em cujo mister se envolvem os que agem com desregramento ou imprevidência.

Sintetizadas na lei de amor, que é a lei natural fomentadora da própria vida, toda criatura traz o gérmen, a noção do bem e do mal, em cuja vivência programa o céu ou o inferno e aos quais se vincula, nascendo as matrizes das alegrias ou das dores, que passam a constituir-lhe o modus vivendi do futuro, atividade essa pela qual ascende ou recupera os prejuízos que se impôs.

Não há, nesse Estatuto, nenhum regime de exceção, em que alguém goze de benção especial, tampouco de qualquer premeditada punição.

Programado para a ventura, o Espírito não prescinde das experiências que o promovem, nele modelando o querubim, embora, quando tomba nos gravames da marcha, possa parecer um malfadado "satanás", que a luta desvestirá da armadura perniciosa que o estrangula, fazendo que liberte a essência divina que nele vige, inalterada.

Quem elege a paisagem pestilencial, nela encontra motivos de êxtase, tanto quanto aquele que ama a estesia penetra-se de beleza , na contemplação de um raio de Sol ou de uma flor, inundando-se de silêncio íntimo para escutar a musicalidade sublime da Vida.

Não existe, portanto, uma dor única, na alma humana, que não proceda do próprio comportamento, sendo mais grave o deslize que se apóia na razão, no discernimento capaz de distinguir, na escala de valores, as balizas demarcatórias da responsabilidade que elege a ação edificante ou comprometedora...

Só Jesus viveu a problemática da aflição imerecida, a fim de lecionar coragem, resignação, humildade e valor ante o sofrimento. Ele, que era Justo, de modo que ninguém se exacerbe ou desvarie ao expungir as penas a que faz jus.”

Autor: Manoel Philomeno de Miranda
Psicografia de Divaldo Franco. Livro: Nas Fronteiras da Loucura

Jesus e a paciência

Recordemos a paciência do Cristo para exercer no próprio caminho a compreensão e a serenidade.

Retornando, depois do túmulo, aos companheiros assustadiços, não perde tempo com qualquer observação aflitiva ou desnecessária.

Não rememora os sucessos amargos que lhe precederam a flagelação no madeiro.

Não se reporta a leviandade do discípulo invigilante que O entregara à prisão, osculando-Lhe a face.

Não comenta as vacilações de Pedro na extrema hora.

Não solicita os nomes de quantos acordaram em Judas a febre da cobiça e a fome de poder.

Não faz qualquer alusão aos beneficiários sem memória que Lhe desconheceram o apostolado, ante a hora da cruz.

Não recorda os impropérios que Lhe foram atirados em rosto.

Não se refere aos caluniadores que Lhe escarneceram o amor e o sacrifício.

Não reclama reconsiderações da justiça.

Não busca identificar que Lhe impusera às mãos uma cana à guisa de cetro.

Não se lembra da turba que Lhe ofertara vinagre à boca sedenta e pancadas à fronte que os espinhos dilaceraram.

Ressurgindo, da sombra, afirma apenas, valoroso e sem mágoa: —
— “Eis que estarei convosco até o fim dos séculos...”
E prosseguiu trabalhando...
Esse foi o gesto do Cristo de Deus que transitou na Terra, sem dívidas e sem máculas.

Relembremos o próprio dever, à frente das pedradas que no firam a rota, a fm de que a paciência nos ensine a esperar a passagem das horas, porquanto cada dia, nos traz, a cada um, diferentes lições.

(De “Abrigo”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel)